"Há dez anos, nascia no palácio do Contador-Mor, nos Olivais, a Bedeteca Municipal de Lisboa, "na sequência de várias colaborações entre a revista "LX Comics" e o Pelouro da Cultura, sob responsabilidade de João Soares, surgiu a ideia de aproveitar o acervo de BD que estava disperso por várias bibliotecas da rede municipal para criar uma biblioteca especializada com um programa de animação, exposições e edição", explica João Paulo Cotrim, o seu primeiro director. Segundo Cotrim, "as expectativas eram criar um movimento capaz de colocar a BD no concerto das restantes artes urbanas". O que a sua actividade, a par da desenvolvida pelo Salão do Porto e o Festival da Amadora, possibilitou, trazendo a BD para os media, ficando como marco a presença da BD portuguesa no Festival de Angoulême, em 1998. Cotrim seria substituído por Rosa Barreto, ainda hoje a responsável pelo espaço que "se mantém um equipamento de referência em Portugal para a BD e a ilustração ". Após um fecho de dois anos devido a obras, a reabertura em Janeiro revelou um espaço de biblioteca alargado, onde estão cerca de 5000 monografias e 12000 volumes de periódicos, que vão desde os anos 20 do século passado até aos nossos dias, e por onde já passaram mais de 700 utentes. Em jeito de balanço, destaca "as bienais, Salão Lisboa e Ilustração Portuguesa, e o site, cujo número de utilizadores tem vindo a crescer.." Como próximos projectos, a par da "actual exposição do João Vaz de Carvalho, teremos, no segundo semestre, uma mostra de Bela Silva. A "Ilustração Portuguesa 2006" vai ser feita na net, mantendo-se a edição do catálogo. E apostamos fortemente na promoção da leitura de BD. Sem leitores não há livros. Temos de trabalhar em projectos com as tutelas nacionais da cultura e da educação, a quem pedimos apoio para um projecto de formação em ilustração, BD e cinema de animação.
Outras bedetecas espalhadas pelo país A primeira bedeteca portuguesa foi inaugurada em 1990, na sede da Comissão de Jovens de Ramalde (CJR), no Porto, como um dos projectos do Comicarte que então também organizava o Salão Internacional de BD do Porto. Com a saída daquele núcleo de BD do seio da CJR, em 1995, a Bedeteca estagnou, apesar do acervo ainda existir.
Por sua vez, o Centro Nacional de BD e Imagem da Amadora, inaugurado em Setembro de 2000, possui uma biblioteca com 10.417 livros, dos quais 1.148 entraram em 2005. O número de utentes depende das outras actividades do CNBDI, que é também galeria e acervo de originais, editando catálogos e livros sobre BD, e organizando exposições, animação com escolas, acções de formação e o Festival Internacional de BD da Amadora.
Finalmente, a bedeteca de Beja, inaugurada a 9 de Abril de 2005, possui cerca de 1500 álbuns, 900 revistas e 200 fanzines, tendo uma média mensal de 150 utentes. Desenvolve várias actividades relacionadas com a BD."
F. Cleto e Pina
Fonte: Jornal de Noticias - 23-4-006
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